quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sob a pele


desenho: Luiza Maciel Nogueira
                              


nervos de aço
dobram a esquina
incansáveis
em algum ponto
plaina vento gentil
suaviza o concreto

sob a pele
corre fio de esperança
nos olhos
fio de chuva
amanhã o sol
abrigará a pele
a face
o desejo


Úrsula Avner


Querida Luiza obrigada pela gentileza de produzir este belo desenho para ilustrar o poema. Beijo com carinho.  

sábado, 19 de novembro de 2011

* palco*

fonte da imagem: Google

quando se lê um poema
tem-se um encontro
com uma cena
um dilema
um teorema
um estratagema

ás vezes começo
pelo fim
leio o último verso
até alcançar o primeiro

viro o poema do avesso
leio as estrofes ao inverso
vou sacudindo as palavras

quando se lê um poema
tem-se uma história
o infinito do poeta
sombreia os versos
o infinito de quem lê
margeia os (in)versos

Úrsula Avner

* Olá amigos e amigas estou de volta ! Obrigada a todos pelo carinho de sempre...

domingo, 23 de outubro de 2011

* Breve ausência *


Queridos amigos e amigas, estarei ausente por um breve período... Agradeço a todos que gentilmente sempre me visitam e postam aqui seus comentários.

Obrigada pelo carinho de sempre,

Úrsula Avner

* fonte da imagem : Google ( autoria não informada)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

* Reciclagem *

no riso da manhã
lua rasa ainda plaina
a imagem no espelho
procura novo pouso
na aurora do sonho
busca alento

Úrsula Avner

terça-feira, 20 de setembro de 2011

* Mutação*

tela: Gabriela Bouechat

Queridos amigos e visitantes , hoje estou no Maria Clara: Simplesmente Poesia... Espero por vocês lá... É só clicar aqui para ler o poema.

Úrsula Avner

* Estou muito atarefada ultimamente por isso ainda não atualizei as visitas. Em breve o farei ! Abraços a todos.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

* Derrame *

derrama- se
a lágrima
a sombra
o desejo

o leite
o olhar
o beijo

o sol
em tardes
profanas
a vida
derradeira
em vontades
subterrâneas

Úrsula Avner


fonte da imagem : Google- sem informação de autoria

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

* Outro tom de crepúsculo*

imagem: Google


Chegaste
em canto de pássaro
doce sussurrante
leveza e mistério

nas asas
o amor
em camadas

sonho lampeja
no alto da serra
a tarde é andeja
cobre de ouro velho
a face da Terra

é hora de deitar
o desejo sobre
as entranhas
da serra

abraço rubro



Úrsula Avner

* para o meu amor

domingo, 21 de agosto de 2011

*Escarlate *

imagem : Amanda Cass

pés outrora cimentados
não pisaram jardins abertos
olhos cerrados
não contemplaram
um céu escarlate
agonizando no peito

Quando você chegou
abriu-se manhã ensolarada
pés atirados ao vento
valsam com olhos chapiscantes
escarlate agora é
nossa teia de amor

Úrsula Avner


terça-feira, 16 de agosto de 2011

* Venha meu amado *

tela: Amanda Cass

Venha meu amado
adormecida
te espero
em nuvens prateadas
quero me achar
embevecida
em teu regaço
a ti aconchegada
lato brilho no olhar
holofote do amor

Venha meu amado
provarei do paladar do céu
como quem degusta um bom vinho
envolvida em carícias de fino linho

Venha amado meu
coberta estou por echarpe de seda
suave tecido fulgurante
em ti encontro aprazível vereda
sou tua mulher, amiga, amante

Úrsula Avner


* Para o meu amado que virá

sábado, 13 de agosto de 2011

* sangria*

imagem: íris roxas
por :Pâmela Reis

silêncio é minha voz
sua voz é silêncio
ainda assim
fazemos alarde
meu corpo insulta
o verbo e arde
dentro do peito
cabem manhã e tarde
galopa sem freio o desejo
até a noite cobrir o céu
da cor de Marte

Seu olhar me traga
e ainda que você
traga
veludo ou espinhos
sou sangria
de todos os vinhos

Úrsula Avner

* ainda sobre a paixão...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

* Canto noturno (da espera)

imagem : Google

deixe-me
parir borboletas
enquanto aguardo
a carícia da aurora
em veste luminosa
aveludada
filha dos desejos
das vontades dormidas
dos sonhos aflitos
das verdades escondidas

deixe-me alçar voo
com as borboletas
para que o peso
da noite
não me alcance
e sem que eu perceba
me lance
na plumagem sutil
do silêncio

Úrsula Avner

domingo, 31 de julho de 2011

* Quando se abre a flor...

Hoje estou no Maria Clara Simplesmente Poesia

clique aqui


Obrigada por sua visita e carinho !

Úrsula Avner

quinta-feira, 28 de julho de 2011

* Deslumbre *

desenho: A flor do desejo
por: Luiza Maciel Nogueira

a voz que seca a garganta
salta em versos
como gotas lacrimejam
a folha na madrugada

se a pérola soubesse
do canto de pássaro
não seria tão contida
mas o adormecer
em si mesmo
gera asas
quando adormeço
em mim
amanheço
sol esparramado
claridade sem fim

Úrsula Avner

domingo, 24 de julho de 2011

* lilás *

desenho: árvore do fim de tarde
por: Luiza Maciel Nogueira

já vejo estrelas
porto de anseios
como na Terra
em todos os seios
palpita um coração
entre luas
entre/meios
.
.
.

leva-me

secretamente
ao seio da noite
só lá sinto-me
em casa
cheiro de leite
nas narinas

é lilás
o fim de tarde

Úrsula Avner

sábado, 16 de julho de 2011

* adorno *

tela: Lena Gal

grinaldas de borboletas me cercam
em ballet harmonioso e apurado
enroscam-se em pensamentos e quedam
na clidéia de um sonho emancipado

de dentro do ser
desabrocham palavras
que não plantei
pontos de luz que teimam em aparecer
sopro de pétalas aveludadas
grávidas dos versos que tão somente inventei

mergulho no poema
como quem salta
em tonel de flores
busco nas rimas um estratagema
preenchimento do que em mim é falta
no entrelaçar de dores e amores

não cesso de escrever
o desejo quando satisfeito
dissolve o prazer
lugar vazio de emoção
leito em solidão
o que não se pode decifrar ou entender
vértice de misteriosa peregrinação

por isso ainda estou á cata
de palavras mil para escrever
em versos torpes e linha inexata
até de mim mesma desentender


Úrsula Avner

segunda-feira, 11 de julho de 2011

* Mestre*

imagem: passarinho bebendo água da bica no jardim japonês- Buenos Aires- Argentina


chegou cabaleante
nuvens nos cabelos
passo vacilante
não quis cantar
o amor
nem a pedido da flor
não se rogou amante

ilustre visitante
abreviou o pouso
no tempo de um instante
em gesto errante
ruflou as asas
voou para bem distante

Úrsula Avner

* raro momento cuja imagem captei no contato com a natureza... Um abraço a todos.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

* Voo breve ...


Queridos amigos, amigas e visitantes, vou me ausentar por uns dias por motivo de férias... Retorno em breve. Um abraço afetuoso a todos.

Úrsula Avner

fonte da imagem: Google

terça-feira, 28 de junho de 2011

* Encantamento *

desenho de Luiza Maciel Nogueira
em : http://versosdeluz.blogspot.com


um pássaro
ruflou suas asas
ao pé do meu ouvido
em voz gentil
falou comigo
sussurrou
na língua dos poetas
depois voou
cercado de arcanjos
sob voz de profetas

Úrsula Avner

sábado, 25 de junho de 2011

* Um certo olhar*

fonte da imagem : Google

anda solto
um olhar acomodado
vaga pelas ruas e avenidas
olha mas não vê
passeia entre outros olhares
desa (di) vi sa dos
percorre praças e jardins
lugares sem guarida
portos pontes becos
sem fim sem saída
quer se desvencilhar
das correntes
se desgarrar
de dores pendentes
no dorso da cegueira forjada
cavalga intrépido o olhar
em longa jornada
vai levando na íris
um pouco de tudo
daquilo que acha que vê
daquilo que não quer ver
do que deixa de olhar
do que deseja perscrutar
do que teme contemplar

Úrsula Avner

terça-feira, 21 de junho de 2011

* Náufrago(do verbo)

nu da minha voz : Gabriela Boechat

calou-se
adormeceu sobre versos
que submergiram
lacrimejou
sobre a folha vazia
alva e gélida

espanto de si mesmo

é no vácuo
que algo acontece
não há movimento
sem queda
sem espaços vazios

que o sono seja
longo e reparador
que sonhos tragam
fragância e bolor

Úrsula Avner

quinta-feira, 16 de junho de 2011

* Nostálgica*

imagem: google

talvez um silêncio
silvestre
penetre a folha
de veias saltadas
nervos em sepulcro

hoje o azul
não basta
em cinza pardo
se despede o dia
apressado
não se aparta sozinho
vaga solitária
ao fundo da tela
lua cheia
de meias verdades
rege o bailado do mar
mas não lhe cabe decifrá-lo

zonza
a folha desprendida
de uma árvore qualquer
pernoita no húmus da terra
:
misteriosa jornada

se cantasse no horizonte
um vento festivo
seria azul

Úrsula Avner

domingo, 12 de junho de 2011

* O que emerge (2)

desenho: Rosa de aquarela
por: Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com

verso
se apegou ao paladar
no ranger de dentes
fez sua cama
deu de andar pelos cantos
de levar nos ombros
o peso das ideias

o que faz sentido

é o que se inventa
o que se refaz
com assombro

verso gemeu

eu tremi

Úrsula Avner

quinta-feira, 9 de junho de 2011

* O que emerge*

tela: Salvador Dali

no casco da noite
galopam sonhos
em cacos de vitral
porque não é inteiro
o que emerge do ser

poetizar é como delirar
sonho que se vive acordado
loucura que abraça o poeta
com ele dança em
passos de quem
nunca se cansa
á luz do dia ou
da madrugada
em qualquer ritmo
qualquer dança

Úrsula Avner

segunda-feira, 6 de junho de 2011

* Algum surrealismo*

tela: Salvador Dali

um dia
hei de escrever
canto de passarinhos
dor de borboletas
videiras que fermentam vinhos
sentimento sem letras
o que não se pode carregar sozinho

jasmim mangou de mim
não quis a sombra do jardim
tampouco o beijo do grafite
sobre a folha de papel carmim

quero o mundo ao avesso
se pudesse escrever flor
de outo jeito
seria assim
: ROLF

Úrsula Avner

quarta-feira, 1 de junho de 2011

* Galho seco *

acrílico sobre tela : mulher dormindo- Sóra Lobo

não me sabia
secreta
quando dormia
e quando o sono
se alongava
já não era a noite
tela vazia
onde bordam-se sonhos
até que seja dia

quando o sono
se alongava
eu me perdia
no espaço infindo
da alma fugidia
que pranteando
ou sorrindo
se desfazia

não me sabia
inteira
quando entendia
de dormir o sono
da folha travessa e iludida
de um galho seco caída

Úrsula Avner

domingo, 29 de maio de 2011

*Te espero lá...

fonte da imagem: Google

Hoje estou no Maria Clara: Simplesmente Poesia.. Clique aqui para ler o poema. Um abraço a todos e todas.

Úrsula Avner

quinta-feira, 26 de maio de 2011

* Intenso *

fonte da imagem : Google

despenque sobre minha cabeça
todo azul do céu
que me abrace o anil
o turqueza o petróleo
todos os tons de azul
todo azul em mil tons

fugiu do mar
do teu olhar
da tela do artista
o azul que não me sai da vista

Úrsula Avner

segunda-feira, 23 de maio de 2011

* sem medida *

escrever é caminho
sem volta
beco sem saída
onda desmaiada na areia
sem socorro sem guarida
falo do que me encanta
e do que me assombra
mas o que me assombra
também me encanta
na linha paradoxal
dos sentimentos
nascem os poemas
ávidos sedentos
cenas obscenas
desabafos lamentos
cacos fragmentos
implacáveis dilemas

Úrsula Avner

" escrever é uma pedra lançada no poço fundo" ( Clarice Lispector)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

* Anoitecendo* ( segundo canto)

tela: Duy Huynh

o corpo do dia
esticado
no varal dos olhos

se o orvalho
transcendesse
a gota
seria dilúvio
não caberia
em meus olhos
calejados de ver
a face do mundo
do mudo
do que é fundo
e não transborda

de longe
a noite espia

se estrelas cantassem
em coro afinado
embalariam meu
sono caloso
macerado
fadigado
amofinado

vem o clarão da noite
em pele fina
e ainda é dia

Úrsula Avner

quarta-feira, 18 de maio de 2011

* outro canto de outono *

tela: Duy Huynh

voei na asa
de um pássaro
fosse talvez
um anjo
levou-me
á casa dos ventos
lançou-me
olhos atentos:
de outros tempos

de outra ordem
é o mistério que
aqui conto
e quem conta
aumenta um ponto

Úrsula Avner

sábado, 14 de maio de 2011

* (des)conexão*

tela: anjo torto
autora: Gabriela Boechat

a cor do desencanto
é mar ouriçado
em dia de chuva
azul fraquejado
pálido magro
em gris bordado

versos espocam
sem rima
sem ritmo
sem nexo
aqui e ali
amontoam-se
palavras
sem léxico

o dia faz curva
ao largo
do pensamento

um poema diz
o que quer dizer
até o último alento

Úrsula Avner

quarta-feira, 11 de maio de 2011

* No fim do dia *

fonte da imagem : Google

sombra
derramada na calçada
agoniza
pálida desavisada
tomba a noite
feito cascata
em pedra firme
vem em canção
de açoite
porque anoitecer
é parto
dor e deslumbramento
eis que parto
não sei pra onde
sobre mim
deita o firmamento

Úrsula Avner

Oi Jacqueline Rolim, você deixou um comentário muito amável nesta postagem mas sem querer eu o exclui. Se puder postá-lo novamente agradeço muito. Bj.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

puzzle

chegou o fim
talvez
já tivesse
chegado
antes mesmo do começo
vida ao avesso
pulsa o que está
adormecido
e o que despertou
deveria estar mudo
perderam-se as peças
do quebra-cabeça
ou simplesmente
não se encaixam mais
sementes ainda brotam
porque a terra é fértil
enquanto se dorme
delira um vulcão
há contrito silêncio
antes da erupção

Úrsula Avner

fonte da imagem : Google

sábado, 7 de maio de 2011

* Feito amor de mãe *

fonte da imagem : Google- sem informação de autoria

horizonte aberto
á minha frente
braços robustos
escancarados
traz assombro
não é a amplitude
que me aflige
é o que ela esconde
contemplo o que
sobrou do sol
de manhã era conde
ao fim da tarde
servo sem dono
sem identidade
sem fonte
não sabe viver
sem o colo maternal
do horizonte

Úrsula Avner

quarta-feira, 4 de maio de 2011

* Canção que vem de dentro *

tela : aurora- Gabriela Boechat

encostei o ouvido
na parede do tempo
quis ficar lá
como quem marca
o assento
com o próprio suor
silhueta desenhada com sal
ouvi o sussurro
das conchas do mar
o lamento das ondas
impresso no olhar
do dia
do acaso
do sentimento

Úrsula Avner

segunda-feira, 2 de maio de 2011

* Tear *

Tela: Maurício Barbosa

Hoje estou no Maria Clara: Simplesmente Poesia... Clique aqui para ler o poema " tear " ...

Obrigada por sua visita e comentário. Abraço afetuoso !

Úrsula Avner

sexta-feira, 29 de abril de 2011

* Canção dos mistérios de ser *


tela : sun -rain ( sol-chuva)
por: Salma Shami

do deslumbre de ser
extrai-se o mel
e a folha amargosa
um pedaço de céu
o gosto acerbo da losna
o diário da rosa
frágil flor do desejo
doce e manca
ávida e pálida
entregue ao vigor do ensejo

do deslumbre de ser
evocam-se mistérios
que dançam na escuridão
em chão de névoa
não bailam em vão
há um ponto de luz
guia de cada coração

Úrsula Avner

terça-feira, 26 de abril de 2011

* Canção das faces do amor *

desenho: Maré e Floresta
por : Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com


talvez amanhã
ainda nos amaremos
com o denodo de
um maremoto
em dia de borrasca
sem censura
sem medo
sem máscara
sem freio e sem foto
encardida no porta-retrato
assinalando o momento
que não se quer esquecer
que se deseja de volta
que se teme padecer

talvez amanhã
(ainda) nos amaremos
na quietude do espinho
que cresce na rosa
na face no peito
sem aquela pontuda
necessidade de dizer
" eu te amo "
sem o aperto
no íntimo

a secura na boca

talvez (amanhã)
(ainda) nos amaremos
no encanto da chama
que insistente trepida
no múrmurio
da chuva fina
manso suave
como quem afina
um instrumento raro
com brandura e precisão
ou como quem dispensa
o sentido e a razão
e em súbito delírio
evoca a loucura
que a morte abomina

talvez amar
seja tão somente
nossa sina

Úrsula Avner

sábado, 23 de abril de 2011

* Poema-dia*

tela : Amanda Cass

hoje sou
ave cantarolante
não quero ouro
ou diamante
apenas pó de estrela
e um garboso amante
sou rosa-louca*
mudo de fase
num instante
que não me queira
sem medida
a poesia
hoje sou
temporal
poema-dia

Úrsula Avner

* rosa-louca : arbusto da família das malváceas cuja coloração das flores muda no curso do dia, do vermelho para o branco.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

* o olho mais azul *

fonte da imagem : Google

antes que desbote
o sol no horizonte
a dança do mar
me captura
não sei como
nem onde
o mar se apossou
de mim
ou fui eu
que o engoli
mas a verdade
é mais do que vejo
o que enxergo
é somente lampejo
não há como decifrar
o indecifrável
se o mar me vem
como canção
discrimino poucos acordes
em notas minguadas assim
mas a melodia que ouço
jamais será fugaz em mim

Úrsula Avner

domingo, 17 de abril de 2011

* Simplesmente azul *

fonte da imagem : Google- sem informação de autoria

há um azul abstrato
que se deita na claridade
ora discreto cordato
ora repleto de vaidade

azul que lateja entre estrelas
sobeja no mar á luz do sol
azul da chama de muitas velas
da luz que emite o farol

o azul das veias constrange
em dias azulados de inverno
um olho azul petrifica o instante
o corpo azulado fica quente e terno

a pétala azul é poliglota
a geleira azul da montanha o sabe
o azul do jeans que desbota
cobre as águas em contornos de ave

a língua azulada saliva
o amor que ficou no azul
do tempo do breve momento
do vagão que leva hálito sedento

é azul a cor de dentro

Úrsula Avner

Caros(as) amigos (as) e visitantes, postei este poema no blog Maria Clara : Simplesmente Poesia há algum tempo atrás e embora não seja cruzeirense ( rs rs ), hoje senti vontade de postá-lo aqui. Desejo um dia e uma semana muito azul para todos e todas ! Um abraço terno.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

* Canção do derramamento *

imagem : chuva para Vinicius- por Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com


em cada gota
um cristal
uma crista de onda
uma pedra de sal

em cada pingo
um mistério
um assombro
um destino prévio

obstinada gota
guarda o fascínio da quietude
a parte invisível
é o que a faz inteira
plena da força do açude

Úrsula Avner

segunda-feira, 11 de abril de 2011

* Alma flamenca *

tela : danza del fuego- Carlos Carreteiro

passos absolutos
golpeiam o chão
chora a guitarra
...

Hoje estou no Maria Clara: Simplesmente Poesia- para continuar lendo o poema clique aqui

Obrigada por sua visita e carinho. Um abraço amigo.

Úrsula Avner

sábado, 9 de abril de 2011

* emergente estação *

Fonte da imagem : Google- sem informação de autoria

folha seca
tremula aflita
espera a passagem
do tempo
o colo celestial
o rito do vento

cai a chuva
impiedosa
renova a terra idosa

assim se desfaz o verão
respira o outono

Úrsula Avner

quarta-feira, 6 de abril de 2011

* Velejando *

Desenho : Frequência Mar
por: Luiza Maciel Nogueira

http://versosdeluz.blogspot.com

Conheço de ti os ardis
os ventos favoráveis
as palavras febris
invento um mar
só meu
escunas trafegam
solitárias
dentro delas
mistério de luas
e estrelas
sede do ponto
de partida
desejo de alcançar
porto seguro
em crista de onda
: idas e vindas

Úrsula Avner

domingo, 3 de abril de 2011

* Inesperado encontro*

Fonte da imagem : Google- sem informação de autoria

por três vezes
atravessou
meu caminho
voo azul-turqueza
vida despretensiosa
ciente de sua realeza

talvez três
seja um número
de sorte
se tal visão
não cura completamente
abranda a dor do corte

Úrsula Avner

* a poesia foi escrita neste último final de semana em que estive na encantadora pousada "Cachoeira da Serra" em Jabuticatubas- M.G. Uma linda borboleta azul muito semelhante á que está na imagem postada, passou por mim três vezes. Infelizmente não consegui fotografá-la, mas ela permanece gravada em minha mente. Quem me conhece sabe do meu interesse e amor pelas borboletas e do quanto elas me inspiram a escrever... Afinal elas são a metáfora peculiar da poesia. Um abraço a todos. Assim que possível atualizarei as visitas. Até breve !

Úrsula

quarta-feira, 30 de março de 2011

* Dona poesia *

desenho : Poesia
autora: Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com

* a todos os poetas e poetisas e aos que amam a poesia


senhora

de si
de lá de cá
de qualquer lugar
que lhe caiba
imponente
arvora-se da própria intrepidez
embora não saiba
que o despojamento
lhe é peculiar

plena e imutável
única e variável
carrega no ventre
espanto mistério
paixão beleza
r.e.f.l.e.x.ã.o
a solidão do verbo
aquilo que não é dizível
o que salta aos olhos
o invisível
o que não é tangível

desconhece o tédio
ri de si mesma
e quando vítima
de assédio
silencia
e seu silêncio
é voz de muitas águas

Úrsula Avner

Querida Luiza, seus desenhos são encantadores e alguns em especial , como " poesia", tocam-me e inspiram minha escrita. Obrigada por compartilhar comigo seu talento e sensibilidade. Espero que o poema faça jus ao seu lindo e expressivo desenho que por si só já é " poesia "... Beijo,

Úrsula

segunda-feira, 28 de março de 2011

* Da sequidão *

fonte da imagem : google

plantou sementes
em terra seca
á espera de
um milagre
que nunca veio
o vento ainda sibila por lá
solitário canto
arrasta folhas rugosas
galhos mancos

á noite
voz de mil estrelas
fazem do pó esfoliante
extenso tapete
rio árido
da contemplação


Úrsula Avner

sábado, 26 de março de 2011

* Canção da completude *

desenho: um toque de música
autora: Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com


soubera
do canto mágico
desarvorado
na noite
ave atenta
sem pernoite
enamorado
uma luz só nossa
um canto
quase alucinado
éramos um só
(tra)vestidos do sonho
da completude
nus de nós mesmos
de qualquer vicissitude

Úrsula Avner

quarta-feira, 23 de março de 2011

* Canção do esquecimento *

Tela: O silêncio - Lena Gal

esqueci seu rosto na gaveta
imagem pálida
lambida por traças
entregue ao gozo dos ácaros
inquilina do pó das lembranças

incólume era seu olhar
agora é funesto
tardio em desejos
tão vazio
órbita oca
não te contemplo mais
amistosidade pouca
outrora
vestes florais

Úrsula Avner


Canção pensativa ( Lya Luft)

um toque de solidão, e um dedo
severo me traz á realidade: não depender
dos meus amores, não me enfeitar
demais com sua graça, mas ver
que cada um de nós é um coração sozinho....

fonte : Secreta mirada e outros poemas
Ed. Record