foto : libélula
por : Alberto Maia
o que há sob as luvas
dissolve um deserto
umidifica um rio sedento
sustenta o peso do mundo
o silêncio verde
da mariposa
cobre jardins
de um mistério profundo
há lágrimas no interior
de rochas calcárias
basta uma gota de chuva
para banhar a pétala
não é preciso morrer
para se alcançar
estado de graça
bem o sabe a libélula
Úrsula Avner
* poesia inspirada no poema " Uma didática da invenção " de Manoel de Barros
terça-feira, 31 de agosto de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
* Poema (re) visitado *
arte : Rochas no mar
autora :Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com
percorro as fibras do poema
como quem lava em açude
o rosto descamado
como quem vê amiúde
o mar esbravejar
e lanço rimas ao ar
alinhavo palavras
que não se avizinhavam
corpos estranhos
não se aninhavam
visto-me de sol
até a lua enciumar
colho estrelas com anzol
lanço versos ao mar
Úrsula Avner
autora :Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com
percorro as fibras do poema
como quem lava em açude
o rosto descamado
como quem vê amiúde
o mar esbravejar
e lanço rimas ao ar
alinhavo palavras
que não se avizinhavam
corpos estranhos
não se aninhavam
visto-me de sol
até a lua enciumar
colho estrelas com anzol
lanço versos ao mar
Úrsula Avner
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
* Hibernação *
em cesto
de vime
colho golfadas de brisa
vozes de pássaros
são pegadas
no chão que se pisa
nem mesmo
manhãs ensolaradas
em céu azul realeza
escapam da lâmina
entre sulcos da ânima
há um fio cortante
vento de inverno
com pontos de agulha
in vento um terno
que me cobrirá
o corpo
mas não evitará
as estrias nos lábios
o abate morno
Úrsula Avner
* imagem extraída do Google- sem informação de autoria
de vime
colho golfadas de brisa
vozes de pássaros
são pegadas
no chão que se pisa
nem mesmo
manhãs ensolaradas
em céu azul realeza
escapam da lâmina
entre sulcos da ânima
há um fio cortante
vento de inverno
com pontos de agulha
in vento um terno
que me cobrirá
o corpo
mas não evitará
as estrias nos lábios
o abate morno
Úrsula Avner
* imagem extraída do Google- sem informação de autoria
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
* A última dança *
domingo, 22 de agosto de 2010
* Sondagem *
tela : pássaro contemplativo
autor: José Carlos Rodrigues
quando a ave do desejo
em teus olhos repousar
lembra-te de que és passageiro
andarilho em noites de luar
pássaro estrangeiro
vieste te visitar
não sabe do teu sono
ou do teu caminhar
chuva pranteou no telhado
mas bem que podia
ter sido em ti
a alma trêmula escandesce
o que se quer encobrir
Úrsula Avner
autor: José Carlos Rodrigues
quando a ave do desejo
em teus olhos repousar
lembra-te de que és passageiro
andarilho em noites de luar
pássaro estrangeiro
vieste te visitar
não sabe do teu sono
ou do teu caminhar
chuva pranteou no telhado
mas bem que podia
ter sido em ti
a alma trêmula escandesce
o que se quer encobrir
Úrsula Avner
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
* Ósculo *
tela : O beijo
by : Gustav Klimt
não há verso puro
a palavra vem do tédio
senão da lama
mineral é o pensamento
que não encontrou pouso
pedra bruta
onda que beija as rochas
e recua
amor bandido
estrada nua
Úrsula Avner
¨... é mineral o papel onde escrever o verso ; o verso que é possível não fazer ... " - João Cabral de Melo Neto
by : Gustav Klimt
não há verso puro
a palavra vem do tédio
senão da lama
mineral é o pensamento
que não encontrou pouso
pedra bruta
onda que beija as rochas
e recua
amor bandido
estrada nua
Úrsula Avner
¨... é mineral o papel onde escrever o verso ; o verso que é possível não fazer ... " - João Cabral de Melo Neto
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
* Incontinência *
Uma chuva
de milagres
eis do que preciso
milagres que espoquem
aqui ali acolá
feito granizos
caducos
milagres que se joguem
em terra ardida de sol
em areias enrugadas de mar
feito peixes
astutos
sabem bem mais
do que nadar
Úrsula Avner
* imagem retirada do google imagens-sem informação de autoria
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sexta-feira, 13 de agosto de 2010
* Solstício de inverno *
Bom dia poesia !
Hoje trago a lua
na garupa
ainda não bebi o sol
venezianas fechadas
em linhas sinuosas
vou tracejando
aquilo que não
se pode represar
Hoje trago a lua
na garupa
ainda não bebi o sol
venezianas fechadas
em linhas sinuosas
vou tracejando
aquilo que não
se pode represar
é preciso vazar
gotejar palavras
até inundar de sol
um quarto de vida
Úrsula Avner
* imagem retirada do google- sem informação de autoria
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terça-feira, 10 de agosto de 2010
* Refluxo *
talhou desejo
de abraçar o sol
hoje sou noite
sem estrelas
beija-me oscilante brisa
que insiste em praguejar
corta uma folha perdida
talho de amor
Úrsula Avner
de abraçar o sol
hoje sou noite
sem estrelas
beija-me oscilante brisa
que insiste em praguejar
corta uma folha perdida
talho de amor
Úrsula Avner
sábado, 7 de agosto de 2010
* Intertextualidade *
tela : sonho
by : Frida Kahlo
Momentos oníricos
sonhei
que pisava em narcisos
ao som de blues e de risos
enquanto andava indaguei :
por que preciso dos pés
se já aprendi a voar ?
Resoluta então alcei
longo voo até desintegrar
Na corda bamba
no risco eminente
da queda
equilibra-se como pode
tem os pés no chão
Úrsula Avner
* poemas em homenagem á artista Frida Kahlo. Leia sobre ela aqui
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010
* Aborto *
terça-feira, 3 de agosto de 2010
* João- de- barro *
foto : Marcelo Cazani
João não perdeu tempo
fez sua casa de barro
trabalhou duro
embrenhou-se lá dentro
seguro
morreu de velho
Úrsula Avner
João não perdeu tempo
fez sua casa de barro
trabalhou duro
embrenhou-se lá dentro
seguro
morreu de velho
Úrsula Avner
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