terça-feira, 29 de dezembro de 2009

* Vida / tempo *


Não é que o tempo

está a nos espreitar

com seus olhos esbugalhados ?

Olhar enviesado

de quem contempla mistérios

num quadro


envergar

talvez não seja de todo ruim

bambus se dobram

beijam o chão

depois retomam

a original posição

cair e levantar-se

é renovação

jeito de entoar uma nova canção


Úrsula Avner

* Caros amigos (as) e visitantes, desejo a todos que em 2010 possamos entoar uma nova canção, em que a fé, a esperança, o amor, a perseverança, sejam nossa fortaleza contra as adversidades. Que as quedas vividas neste ano, sejam marcas de aprendizado ; fortalecimento interior e imã para as conquistas que virão !

Que tudo o que é bom ocupe nossos pensamentos e sentimentos !

Felicidades a todos ! Abraço afetuoso !

domingo, 27 de dezembro de 2009

* De volta á velha casa ( Soneto)


tela : Benedito Calixto



Mãos deslizam sobre o velho teclado

desnudam tons graves e agudos

memórias saltam do passado

descarilam fantasmas mudos


a pele do tronco do carvalho

se dissolve na saliva do vento

tulipas anelam chuva de orvalho

a secura da ausência debela o tempo


portas e janelas agora ventiladas

são caminhos de uma nova passagem

discreto eflúvio corre na casa da vila


no limbo das emoções surtadas

momentos empoeirados renascem

cada canto da casa de novo cintila



Úrsula Avner


* poema com registro de autoria

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

* Mensagem de renovação *



tela : René Magritte


O que a alma busca


certamente dorme


em sono profundo


em um plano superior


visceja em outra dimensão


há de estar guardado


no segredo das pérolas


na luz rutilante


da estrela mais distante


há de compor


o mistério da flor


que guarda o curso da semente


há de se abrigar


no fundo do oceano


ou no silêncio do abismo


na solidão das pedras


no voo das aves


há de estar


no sorriso da criança


no útero que gesta a vida


no pulsar do coração


naquilo que chamamos amor


nos versos de uma canção



Úrsula Avner


* Que possamos em qualquer tempo, em qualquer data , buscar a renovação interior que a alma almeja. Um abraço afetuoso a todos que me visitam e meus sinceros votos de felicidades !


" Examine- se o homem a si mesmo " ( versículo bíblico )

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

* Por um instante *

grafite no céu
emudece estrelas falantes
corpo nu no túmulo
apregoa o vazio do instante
tempo parado no tempo
asas decepadas

No jardim
de súbito
um bem-te-vi
corta o silêncio

bem te vi
espiar meus desejos
por um vão insolente
daquele céu
em negrume esponjoso
condensado como mel
fluido e pegajoso


Úrsula Avner

* imagem disponível no google
* poema com registro de autoria

sábado, 19 de dezembro de 2009

* palco de canções *




o som do poema reverbera

sino que badala nas veias

ipês amarelos ensaiam

a primavera dos meus sonhos


pensamentos fazem curva

tecem teias

caem na folha alva

desmaiam

misturam-se a canções alheias



Úrsula Avner


* poema com registro de autoria
* imagem disponível no google

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

* Sentimentos de rosa *



quem sabe da melancolia da rosa
que solitária cresce no vaso ou no campo ?
Quem vê seus espinhos brotarem
tatuando sua carne ?
Acaso há espanto quando desfolhada
a rosa geme ?
Quem conhece seu silêncio orvalhado ?
Quem teme
tocar sua pele com cuidado
sem a lixa das mãos ?
Quem já ouviu as batidas do seu coração ?

Se o cravo brigou com a rosa
em desalento
não foi essa a razão
do seu desfalecimento
Não é o cravo seu algoz
é quem não lhe reconhece a voz


Úrsula Avner

* poema com registro de autoria
* imagem disponível no google sem informação de autoria

domingo, 13 de dezembro de 2009

* Quem a vê ...não a sabe


arte : Pino Daeni


Quem a vê

terna e pacata

meiga e cordata

olhar sereno

não a conhece ...


* Para continuar lendo o poema clique em http://mariaclara-simplesmentepoesia.blogspot.com/


* O blog Maria Clara Simplesmente Poesia é um blog que reune várias vozes poéticas femininas da blogosfera, em expressiva interlocução poética. Aguardo sua visita. Obrigada pelo carinho !



Recebi da amiga Maria Madalena SchucK do blog Meus Poemas Favoritos o desafio de completar 5 frases , quais sejam :


Eu já ...

Eu nunca ...

Eu sei...

Eu quero...

Eu sonho...


Eis as minhas respostas :


Eu já me contemplei tantas vezes no espelho e ainda sei muito pouco sobre mim mesma


Eu nunca, desde que me entendo por gente, deixei de refletir sobre o sentido da vida e de minha existência


Eu sei que meus conhecimentos são uma gota no oceano


Eu quero aprender mais a cada dia de modo que possa aperfeiçoar meu ser

Negrito


Eu sonho com um mundo matizado nas cores do amor e da paz


As regras são designar 5 blogs que devem indicar de quem receberam o convite e completar as frases


Blogs que eu indico :


1- Poesias de Otelice Soares http://otelicesoares.blogspot.com/

2- Encantaventos ( Wania ) http://encantaventos.blogspot.com/


4- Faces de um poeta ( Ira ) http://irabuscacio.blogspot.com/
5- Voz ( Adriana Godoy ) http://driaguida.blogspot.com/


OBS: As indicações são meramente pontuais e sugestivas. Qualquer pessoa que queira participar sinta-se á vontade para postar em seu blog as respostas e indicar outros 5 blogs e quem foi indicado e não desejar participar, também sinta-se livre para refutar o convite.
Um abraço a todos com carinho !
Úrsula Avner

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

* Breve companhia *

Partiste
lépido sem despedida
do meu regaço fugiste
deixaste-me
solitário e triste
gotejando a dor da partida

Quisera aninhar-te
em meu colo
afagá-lo em minhas mãos
só mais um instante

contemplar o silêncio
de tuas asas
o pulsar galopante
do teu coração
sentir tua respiração
ofegante

Invejo tua liberdade
que em mostrar-me insiste
o quanto sou chão
em mim subsiste
a lembrança da tua canção
serena e incisiva
abaulando no peito
segredos inescrutáveis da vida


Úrsula Avner

* poema com registro de autoria
* Imagem do google

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

* No chão *


arrasta pé
arrasta móvel
mulher arrasta
suplicante olhar
sobre o mar

arrasta o desejo
no coro do vento
que arrasta folhas
poeira no tempo

tempo arrasta
correntes
homens arrastam
a rede no mar
peixes saltam contentes
depois se arrastam
já não podem respirar

tem vida que arrasta
o medo da solidão
só se percebe
quando se alinha
ao chão


Úrsula Avner


* poema com registro de autoria

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

* No balanço do silêncio *




eis que rompe o dia

invade meu estado de apagão

claridade estúpida


eis que sou sala vazia

lamentos em voz de multidão

garganta calejada e úmida



ruido surdo se alastra

palavras chegam tarde

em vozes moribundas


verso tímido a língua castra

palavras fazem alarde

morrem em valas profundas


Úrsula Avner


* imagem do Google
* poema com registro de autoria
OBS: Caros amigos(as) e visitantes, estou enfrentando problemas de saúde na família por isso ainda não tive tempo para responder aos últimos comentários feitos e para visitar os blogs que acompanho. Espero em breve poder retomar meus contatos com mais tempo. Um abraço a todos e obrigada pelo carinho.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

* Mera contemplação *

mulher canção
cabelos desfibrados
emolduram-se ao vento

mulher solidão
olhos no céu plantados
face de quem dribla o tempo

tempo para
tempo escoa
tempo corre
tempo voa

mulher dorme
no berço do tempo
vida escorre
onde perdeu-se o lamento


Úrsula Avner

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

* Na hora zero *

Na hora zero
não me fustigará
o sol do meio dia

não se inclinará
meu corpo
ao cansaço das horas

não verei
os vincos da dor
ou os espinhos da injustiça

não terei por companhia
sombras encarceradas

não ouvirei ruflar
algum tambor

a guerra é uma sucessão de erros
não sabe do contorcionismo da ostra

quando germina a pérola

na hora zero
nenhum movimento
somente o eco cavernoso
do insolvente silêncio

Úrsula Avner

* poema com registro de autoria
* imagem do Google

terça-feira, 24 de novembro de 2009

* Nostalgia *



em vaso de barro
plantei bromélias
crescem sérias
orvalham saudades
do jardim

Úrsula Avner

*poema com registro de autoria
*imagem do google

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

*(De) lírio *

deitada sobre colchão
de folhas secas
não vi estrelas no céu
tudo tão escuro misterioso
como no interior da traqueia
ou num beijo de língua
que fermenta a espuma nas bocas

só a saliva do desejo é cristalina

de olhos cerrados vi
um vestido cor de prata
talvez fosse rosa chá
pequeno ponto de luz
na negritude

barulho algum
a não ser
a sonoridade seca
das folhas copulando
ao vento

(de)lírio
só soube daquele
bordado no vestido

pela manhã
há de orvalhar poesia
em vestes de seda
depois de romper
o silêncio insondável
da placenta

fórceps ao avesso


Úrsula Avner

* imagem do google

* poesia com registro de autoria

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

* Simplesmente azul *

Olá queridos (as) amigos(as) e visitantes,

tem poesia de minha autoria postada no Maria Clara Simples mente poesia. Clique no link abaixo para conferir. Obrigada por sua visita e apreciação.

http://mariaclara-simplesmentepoesia.blogspot.com/

sábado, 14 de novembro de 2009

* Perplexidade *

susto na fala
tonicidade no olhar
borboleta tonta paira
beija a corola de uma dália
flor dadivosa
menina manhosa
drapeja até o engulho
repele a borboleta com orgulho

há uma força oculta
no seio da pétala
não propalada pela boca
que a reprime
percebida porém pelo olhar
que a resume

Úrsula Avner

* poema com registro de autoria
* imagem do Google- sem informação de autoria

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

* dobradinha poética *


* Luzes

aglomeram-se


feito vaga-lumes


a cidade dorme


porém elas ...


são sentinelas


espiam segredos


por entre os cumes



* Silêncio


palavra veio


pousou de mansinho


não quis repousar


seguiu caminho


virou borboleta


em outro lugar



Úrsula Avner


*imagem do Google


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

* Momentos *




Quando tenho


a caneta em punho


a palavra cuida


de expandir horizontes


alargar a visão


torná-la mais fluida


feito cristal


peça de acrílico


Na mesa

em bule de ágata

a bebida

aos poucos esfria

café com poesia

Úrsula Avner

* imagem do google- sem informação de autoria

* poema com registro de autoria

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

* Guerreira *




brava rosa

(des)brava caminho

á beira do asfalto

chapiscado de vinho


passa carro

passa gente

o vento passa

a rosa resiste


cresce mato

vem enchente

o tempo passa

a rosa insiste


brada a rosa



Úrsula Avner


* poema com registro de autoria

* imagem do Google

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

* depois da tempestade *


tela : Salvador Dali
da avidez pluvial
o que fica
desenha poliedros na calçada

desejos encharcados
já não respondem
ao apelo visceral

há delírio na estrada

palavras são pêndulos
instáveis

ávidas e alucinadas
se moldam
frenesi

cansadas de vagar
se acomodam
cheias de si

Úrsula Avner

* poema com registro de autoria

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

* Quando amanhece em mim *


Quando em mim amanhece
sereno é o fôlego da reflexão
que meus sentimentos aquece
salpicado de luz pulsa o coração

vontades e segredos destelhados
são como o sol em céu crepuscular
vago pelas vigas dos meus sobrados
desponta alvorada no olhar

nas trilhas que o destino esculpiu
não sei o quanto de mim ficou
cimentado nas lacunas do tempo
e o quanto de mim encontrou

liberdade nas espirais do vento
não sei na inteireza
o que do meu ser fluiu

sei apenas que
quando amanhece em mim
flores aromáticas espocam na alma
borboletas coloridas bailam
com admirável elegância e calma

Úrsula Avner

* imagem do Google- sem informação de autoria

* poema com registro de autoria

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

* Pescaria *


Tela : Maggie Taylor

um peixe
olhou-me
olhos de esgrima

eu o persegui
rio abaixo
rio acima

estava o peixe
na vazante
solitário
na vida breve
do instante

desta vez
fui eu quem
lançou-lhe o olhar
de soslaio
em gesto silente

olhos de surpresa

o peixe assustou
morria o valente
á beira da represa

Úrsula Avner

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

* Crisálida *



asas (con)torcidas

dentes presos no abismo

rebuliço no íntimo

partiu com dores de parto

mas partiu

drapeja ébria entre as flores


Úrsula Avner


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

* Vivo *

à flor da pele
( vincada )
á flor do riso
( alucinado)
á flor do toque
( desalmado)

na pele da escrita
no riso da pena
no toque da poesia

noite e dia

Úrsula Avner

* imagem do Google- sem informação de autoria

sábado, 24 de outubro de 2009

* Apneia *


pintura : Marta Ferreira


Amei a plenos pulmões

abri o peito á flecha

do cupido

anjo sem juizo

levado ao sabor do desejo

lancei-me feito rojão

no tempo (in)certo do ensejo

explodi a varejo

Ufa !

Faltou- me o ar


Úrsula Avner

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

* Vozes na escuridão *



Quando a noite repousa
estrela despenca do céu
queda bruta

borboleta corre
ébria e nua
absoluta

coruja pia
lamento de quem vigia
o sono da noite


Úrsula Avner

* imagem do Google- sem informação de autoria

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

* Convite *




Caros (as) visitantes, hoje tem poema de minha autoria postado no Maria Clara simples mente poesia. Convido -os (as) a descobrirem o motivo da imagem acima ter sido postada, clikando aqui : http://mariaclara-simplesmentepoesia.blogspot.com/

Um abraço afetuoso a todos e obrigada pelo carinho !

Úrsula Avner

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

* Átimo *




Florescimento


na voz insone do verbo


oculta flores em cimento


ápteras


lacônica existência


na porosidade da lágrima


desfolhada na aridez do dia


bulicoso estado do ser


intrépido modo de (sobre)viver




O silêncio das pedras


precisa bradar


vociferar o que está guardado


Estagnar pode ser sopro de vida


analgésico, entorpecente


o sal das ondas o sabem


em dias argênteos


ou em noites poluidas


do lacônico viver




Em vales e depressões


alojam-se águas límpidas


nas vísceras, rios vivos


chocalham peixes á margem


dos sonhos


dos desejos


dos arroubos




Bulício no íntimo


Silêncio !


As pedras podem despertar



Úrsula Avner
* imagem do Google- sem informação de autoria

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

* Imersão *



do que adormeceu

não soube se

sonho ou pesadelo


do que emudeceu

não soube se

penitência ou apelo


Úrsula Avner


Fonte da imagem: Google- sem informação de autoria

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

* Tecelagem *

É preciso mais de um olhar
para tecer um poema
é preciso um olhar
sobre o olhar

cruzamento de olhares
olhares em dilema

É preciso o olhar externo
e o olhar de dentro
um olhar passivo e terno
e um olhar que teima

É preciso um olhar
que escapa de si mesmo
contempla o recomeço
em si não carrega adereço
não tem pela finitude apreço

um certo olhar
que gangrena
expõe a ferida
olhar que põe
sobre a cabeça
uma diadema

É preciso um olhar
de quem se despede
de quem acena
de quem vê
o que não está explícito
de quem faz cena

Um olhar
que absorve a vida

como uma antena
em contemplação
frenética
ou serena

É preciso mais de um olhar
para tecer um poema


Úrsula Avner


* imagem retirada do Google sem informação de autoria

OBS: O que você vê na imagem postada ? Assim como a imagem acima traz várias imagens sobrepostas, um poema carrega em si vários olhares e possibilidades de interpretação.
Deixo a cada um que me visita alguns dos meus olhares ; meu abraço e agradecimento sincero !

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

* Percurso *


deseja o poeta

deixar o verbo solto

sem eira nem beira

a esmo e revolto

em chão árido

ou em voz de cachoeira

mas é na alma

seu cárcere

e na palma

seu fim

sob pedra de mármore



Úrsula Avner


* imagem do Google- não foi informada a autoria

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

* Transcendência *



em algum lugar do horizonte rutila
força maior que a do sol

cauda de cometa mutila
uma ponta de estrela

anjo munido de anzol
pesca luas formosas
sentado em tímidas nebulosas

paisagem estrelar

Úrsula Avner

* imagem do Google- sem informação de autoria

domingo, 4 de outubro de 2009

* Morte súbita *

palavra suicidou
forma certeira de me punir
para que eu não descubra
no sal do desejo
forma absoluta de inquirir
e inquirindo
me entregue ao ensejo
e escreva até que o verbo
não mais seja

Úrsula Avner

* imagem disponível no site flickr.com/photos - borboleta morta encontrada no corredor de um dos prédios da T.V Cultura em São Paulo- S.P

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

* Soneto do retorno *



Na casa de todos os ventos
soprava um cântico de cor anil
envolto agora em trapos sedentos
do que em tempos idos sorriu

Um girassol reinava no jardim
absoluto em beleza e majestade
nas canções que se abriam em mim
havia o doce favo da liberdade

Sopravam ali copiosos ventos
cruzavam os cômodos em jactância
notas musicais de alegrias e lamentos

No balanço de velhos desejos sedentos
paira sereno o aroma da infância
persistem sol e lua de arejados tempos


Úrsula Avner


* imagem - retirada de dowloads.open4group.com

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

* Enfado *


tela : Mirza Boleiro


palavras crespas

borbulham na mente

quando o sol se apaga


lembranças espessas

são guizo de serpente

quando a noite se propaga


Úrsula Avner


* Obrigada por sua presença !

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

* Paisagem *


Se não fosse chuva

o que vi em sua face

se não fosse a morte

um alegórico disfarce

estaria o sol

a reciclar as tardes

de açucar queimado


um manto dourado

cobriria o céu azul

cores que se abraçam

sem razão

sem explicação

tonalidades astutas

entornadas

esparramadas

feito prostitutas


Úrsula Avner

* imagem do Google- sem informação de autoria
* leia também " A poesia feminina no divã ou o contrário ? " no blog

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

* Brasil em carne viva *



Como me calar diante de tantas atrocidades ?

Vidas clamam nas ruas por dignidade

aquilo de que necessitam não é piedade

mas sim, direitos garantidos, oportunidade



Ouço muitos gemidos

o país adoeceu

fugiu a mãe gentil

dos filhos deste solo

o gigante dorme


em berço esplêndido

sem ter da genitora o colo


O sonho intenso

se transforma

em pesadelo imenso

sem raio vívido

Onde está o céu risonho e límpido ?


Onde há no seio da pátria mais amores ?

O que vejo é uma passarela coberta de cinzas

onde há solene desfile de dores

alguma alegria transitória e débil


dança nas ruas

fixa em cada rosto


máscaras incolores


A verdade é mulher que anda nua

não pode ser ignorada

carne aberta e crua

Fechou-se o riso dos lindos campos floridos

onde estão as margens plácidas do rio da esperança ?

Se houve glória no passado, que paz haverá no futuro ?

No que se transformará o viço da criança ?


Quero acreditar na mudança

mas só vejo o céu escuro

não posso deixar

que arranquem

a minha raiz

ainda choro quando ouço


o hino do meu país


Úrsula Avner


* este texto foi postado no site www.sitedepoesias.com.br/poetas/avner no ano passado ; é um desabafo que o meu senso de justiça me impeliu a registrar.

* a imagem é do Google e desconheço a autoria

Meu sincero agradecimento a todos que me visitam !

terça-feira, 22 de setembro de 2009

* Rutilância *

tropecei na canção
errei o passo
lânguido frouxo
descuidado

abraçada ao chão
fui andarilha
em notas musicais

sob aparência de clave
andei grávida de cânticos
criei asas de ave

torpor embriaguez
brilho de estrela na tez

supernova

Úrsula Avner

* poema com registro de autoria

NOTA : tem poesia minha postada no
mariaclara-simplesmentepoesia.blogspot.com

sábado, 19 de setembro de 2009

* Compasso da queda *

aquela folha caída
banida
nem sabe de si

nem sabe
que
eu
a
vi
cair

na lentidão da pluma
corpo leve
feito espuma
flutua(nte)
no rastro do instante


Úrsula Avner

* poema com registro de autoria
* imagem do Google-não foi informada a autoria

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

* A poesia ] mar aberto [ de Úrsula Avner


Hoje , a querida , talentosa e sensível poetisa, professora e amiga Hercília Fernandes elaborou uma rica apreciação literária sobre o meu trabalho poético no blog NOVIDADES & VELHARIAS onde ela homenageia várias poetisas e poetas da blogosfera. Deixo aqui o convite para que visitem o blog . Obrigada pelo carinho de sua presença em meu cantinho e comentário.

http://novidadesevelharias-fernandeshercilia.blogspot.com/

terça-feira, 15 de setembro de 2009

* Incontinência *


lágrimas escorrem

como seiva do caule

gota a gota

salgam o oceano

levam dores e alegrias

no dorso de noites e dias


lágrimas escorrem

feito água de chuva

gota a gota

inundam o solo

fazem curva

cobrem do rio o colo


lágrimas escorrem

enquanto luzes dormem


Úrsula Avner


* imagem retirada do google- sem informação de autoria

* poema com registro de autoria

domingo, 13 de setembro de 2009

* Auto-observação *


Se enrijeço

não mais me (te) vejo

sob o regaço da sombra

adormeço

onde nada se altera

plácida voz da repetição

na fugacidade do tempo

que ruge como fera


Se oscilo

não aconteço

não me concretizo

transito do fim ao começo

Emudeço

no útero da vida

no cárcere do desejo


Úrsula Avner


* poema com registro de autoria

imagem do Google- Tela de Seurat, 1883 - " Camponesa sentada na grama "

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

* Sono x Escrita *



Quando o bocejo vem

com ele um hálito de poesia

fio de navalha corre pelo corpo

retesa membros

cerra as janelas da alma

encerra o dia


ao solavanco de estrelas

desponta a noite

tão senhora de si

perscruta pensamentos

aprisiona em quarto escuro

versos que não desabrochei

adormecidos sob os olhares atentos

do que ainda não (desen) cantei


Úrsula Avner


* imagem do Google


domingo, 6 de setembro de 2009

* Silêncio poético *

É no murmúrio da noite
que avança o mistério

no silente quarto fechado
no céu apagado

na mata desvirginada
na dor embutida

borboleta parou
imóvel ficou
como se fosse
proibido dançar

Qual nada ! ( tola borboleta)
na noite quem faz barulho
é quem não sabe voar

Úrsula Avner

* poema com registro de autoria

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

* Brev idade *




Breve vida

breve idade

breve querer

breve voz


Na brevidade dos dias

são breves os anseios

não me alimento de sonhos

só de brevidade


Úrsula Avner
* poema com registro de autoria

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

* Des fo lha da *

Ao pé da roseira
crescem sonhos
atravessam o caule
sangram em espinhos
embriagam-se do perfume
propalado por pétalas aveludadas
morrem ao som do arranque
em bico de passarinhos

Úrsula Avner


* poesia com registro de autoria
* imagem de autoria não informada- retirada de pesquisa feita no Google imagens

sábado, 29 de agosto de 2009

* Lya Luft no Maria Clara... *

* Canções de Lya Luft *


Tela : Odalisque Reclining on a Divan ( 1827-28 )
Autor : Eugéne Delacroix

Caros (as) amigos (as) e visitantes, hoje postei no quadro " Simplesmente Poesia " do blogger Maria Clara Sim ples mente poesia um belo poema de Lya Luft e uma apreciação teórica sobre o mesmo, á luz da imagem poética retratada na tela do pintor Delacroix, ressaltando também aspectos literários de obras (canções) da autora . Em seguida, apresento uma "Canção para Lya". Convido-vos a conhecerem o quadro e a postagem. Espero que apreciem. Obrigada pelo carinho habitual em meus espaços virtuais. Um abraço a todos.

http://mariaclara-simplesmentepoesia.blogspot.com/

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

* Pintura *


Agarrei as cores do arco-íris

tingi de azul pétala de flor

pincelei sobre o mar intenso verde

borrei de amarelo as montanhas

espalhei lilás sobre dunas

misturei as outras cores

alegrei escunas

matizei o mundo


Fiz minha própria aquarela

desvirginei meu sonho

no corpo nu de uma tela


Úrsula Avner


* poema com registro de autoria

* imagem retirada do Google- não foi informada a autoria da pintura

* Se não podemos colorir o mundo literalmente, que ao menos na imaginação e na poesia, possamos lhe dar cor, vida , brilho , com aquele toque especial de infantilidade que perpassa nosso ser quando sonhamos. Um abraço grande a todos que me visitam.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

* Sobre o mundo de dentro *

Imagem : Julie Tremblay


Quisera esmerilhar
o sono guardado
em nuvens brancas ...

Para continuar lendo a poesia click em
http://mariaclara-simplesmentepoesia.blogspot.com/


* Queridos (as) amigos (as) e visitantes , hoje é a minha estréia no blog " Maria Clara Simplesmente Poesia " que reune algumas vozes poéticas femininas da blogosfera. Aguardo a visita de cada um (a) e agradeço o carinho. Um abraço.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

* Minha peregrinação *

Deleito-me nas fissuras de um céu crepuscular
onde pensamentos se aconchegam e silenciam
sentimentos se acotovelam como linhas no tear
percorro lugares longínquos que aos poucos se distanciam

Sou peregrina em meus próprios sentimentos
recolho minha estranheza no albergue da emoção
perco-me na lembrança de fulgurantes momentos
afagados pelo pulsar das veias do coração

Úrsula Avner

* poesia com registro de autoria